segunda-feira, 24 de maio de 2021

 

Rupestre

Poesia Nello Rangel
Aquarela Annamélia


Pinturas nas paredes de cavernas antigas

- rastros de carvão, lama, sangue e óxido de ferro-

espelham a rudeza se um tempo de sobrevivência.

Mas por detrás da rocha inerte tudo era vida,

desenhada em traços soltos:

o dia, a caça, os corpos, o sexo.

,Annamélia em sua fase rupestre,

traz essa mesma lhaneza.

Mas aquática em transparências,

Vai além na delicadeza, como se antecipasse saber que,

Por terem as entradas submersas,

As pinturas daquela caverna

chegariam vívidas até hoje.

 

Poesia Nello Rangel


quinta-feira, 20 de maio de 2021


O Humos do Quintal

Poesia de Nello Rangel
Aquarela de Annamélia
 

O humos do quintal  
- onde escondeu o cachorro proibido por anos -
guardava a memória das folhas, dos galhos, dos restos, dos anos.
As raizes desciam na obscuridade do solo,
desviando  de pedras e fósseis,
formando um mapa sub-telúrico.
Lembranças, memórias e saudades, entrelaçadas:
rastros dos passos e caminhos trilhados.
Humilde segredo:
o sentido está abaixo,
na umidade que nutre.
Décadas e lustros passaram
mas de nada adiantou.
Resistente, a infância retorna,  soberana.
 

Poesia de Nello Rangel


quarta-feira, 12 de maio de 2021

 

Uma Arqueologia da distância

poesia de Nello Rangel
Aquarela de Annamélia


Annamélia e suas telas
muitos caminhos percorreram
entre estradas e escadas,
trajetos e sonhos,
subidas e descidas.
Annamélia passeou.
Em crianças a percorrer
aventuras e perigos,
uma mãe com seus muitos filhos,
a proteger e encorajar, 
em percursos e caminhos
por mapas telúricos
de uma Ouro Preto imaginária.
Agora viaja em mapas temporais,
 arcaicos registros,
em busca de raízes e esperança,
diferenças e contrastes.
mudanças e descobertas,
numa escavação da memória.
Encontra fósseis
radiográficos do passado,
praticando cuidadosa 
uma arqueologia da distância.

 

terça-feira, 11 de maio de 2021

 

Vou-me embora

Poesia de Nello Rangel
Aquarela de Annamélia



Vou-me embora

pra qualquer lugar,

qualquer tempo

que não seja já.

Outros mundos,

outros ares,

outros tempos,

outros mares.

Se pareço fugir,

se me pensam tentar

escapulir ou escapar,

ao menos considero

que tem muito a percorrer

tem também no horizonte

caminhos, trilhas ou estradas

abertas no adiante.

 

Poesia Nello Rangel