quarta-feira, 12 de dezembro de 2018



LEGO LIMA
Mora em Amesterdam
Natural de Ouro Preto


Lembranças da Escola de Arte da FAOP


Eu frequentei a Faop desde criança.
Esta foi uma escola de arte completa que 
ainda não vi em lugar nenhum. 



Sou muito grata por ter me formado lá.
No início fiz curso para crianças com Bete Salgado,

e durante minha  adolescência comecei a fazer
aulas de teatro e de desenho com Sergio Nunes.  
Logo depois descobri a gravura nos cursos
de Anna Amelia. Eles eram bastante frequentado por pessoas de fora de Ouro Preto.



Fiquei feliz, porque usando a técnica da gravura poderia divulgar minha arte com outras pessoas.
Lembro-me como se fosse hoje, porque esta fase foi muito 
  

especial. Uma vez tive um problema com um aluno e fui embora, e Anna Amelia foi-me buscar em casa.

Cada segunda-feira eu apresentava um projeto de


gravura, mostrava os desenhos, e ela me opinava sobre o tipo de técnica que poderia ser feita com esse desenho. 



Foi nessa época que descobri que queria ser artista profissional, e nunca mais parei de fazer meus trabalhos de gravura. 




Depois de muitos anos frequentando a Faop ganhei o prêmio da Bienal de Gravura de Curitiba, que nao era so meu, mas também da minha professora Anna Amelia.


Fui viajar pelo mundo mas nunca esqueci do lugar aonde me formei. Agora levo o patrimônio de Ouro Preto ao mundo, tentando fazer novos caminhos, e passando minhas experiências à geração mais nova, tal como minha professora fez comigo.



quinta-feira, 6 de dezembro de 2018



As aladas figuras de Annamélia
- Mari’Stella TRISTÃO


É sempre bom retornar a Ouro Preto entrando pelas paisagens de sonhos que são as gravuras de Annamélia.
A partir de hoje ela estará expondo na Galeria Itaú (Av. Afonso Pena, 3888 – Mangabeiras), e junto com as paisagens estarão também seus anjos e crianças: aladas figuras que dançam  no justo equilíbrio de suas composições.


Desde 1965, início de sua carreira como profissional, Annamélia trabalha sua arte como um projeto de vida, condição essencial que justifica a plena aceitação de sua obra.
Participando intensamente do movimento artístico de Minas, especialmente de Ouro Preto, onde criou a Escola de Arte da FAOP, Annamélia integrou importantes mostras coletivas no Brasil e no exterior, bem como salões oficiais e Bienal de São Paulo.
Em 1981 foi um dos quatro artistas escolhidos para a mostra das “Projeções Atuais do Barroco”, que integrou a grande exposição sobre o “Barroco Mineiro”, apresentada em Nova Iorque e em várias cidades brasileiras.


Foi premiada no Salão de Arte do Museu de Belo Horizonte, no Salão de Cultura Francesa, no Salão do Conselho Estadual de Cultura de M.G., obteve o grande prêmio de gravura no Salão de Governador Valadares, e em 1969 o prêmio de aquisição Itamaraty da Bienal de São Paulo.
Nesta exposição Annamélia apresenta um trabalho refinado e amadurecido, muito bem definido nos textos de Mari’Stella Tristão e Márcio Sampaio, que assinam o catálogo:


“Um dado real na arte de Annamélia é a busca da essencialidade da identificação total com aquilo em que acredita o ser humano.
A referência é óbvia e coerente com esse sentido de realidade. São anjos e crianças, cujas formas desenham e esculpem o espaço numa organização plástica admirável, produto de integração plena entre o raciocínio inteligente e um espírito extremamente sensível.


A mensagem é sempre de paz e de beleza nas lembranças lúdicas e barrocas, sob o céu particular e a atmosfera histórica da cidade onde mora – Ouro Preto.
O preciosismo do desenho alia-se à limpeza da impressão e das cores, na sua maioria suaves ou neutralizadas, gerando esta excelente gravura que já se tornou conhecida dos salões e do público brasileiro”.

ESTADO DE MINAS – Quarta-feira, 21 de maio de 1986 - 5

Artes plásticas

 Gravuras em metal: Aguafortes de Annamélia









quarta-feira, 28 de novembro de 2018

  

Pórtico Barroco

Márcio Sampaio 

Desenhista e gravadora, Annamélia Lopes desenvolve uma obra que se caracteriza por elevado nível técnico que lhe permite imprimir com grande vigor sua particular leitura do mundo.
Da longa convivência com a produção artística concentrada em Ouro Preto, soube assimilar o pathos singular da expressão barroca, transportando-o para o espaço contemporâneo.



Na gravura em metal e no desenho, vem realizando uma leitura da paisagem ouropretana, lírica, de saboroso detalhismo, com o qual potencializa um sentido de fantasia feliz, Mas, trabalhando com a xilogravura,  naturalmente expressionista, vai tocar o reverso dessa paisagem, para desvelar o drama estabelecido pelos conflitos de luz e sombra, pela exposição de mundos opostos, pelo jogo dramático das contingências humanas.

   
Toda essa riqueza de configurações colocadas em cena se realiza nas gravações em tacos de madeira (a artista utiliza mesmo , os tacos de piso , retangulares, e também formas quadradas e triangulares ), imprimindo em papel e tela. E com essas lâminas impressas, compõe módulos seriais, organizados em estruturas geométricas, que acabam encobrindo o drama contido em cada fragmento, em função de uma luminosa e colorida composição construtiva.


 Mas por mais  que sejam submetidas ao rigor da geometria, as imagens coladas na tela ou em caixas, se rebelam e se desvelam ao olhar atento, emitindo sinais de uma urgência, da vida que se constrói e se consuma. Coladas em tubos cheios de sementes (como os paus de chuva indígenas), as gravuras- objetos , em seu novo espaço expressivo, convidam ao movimento, que se converte em canto e acorda os mistérios.



Anna Amélia Lopes de Oliveira
Resumo do Curriculo

Natural de Nova Lima, MG, vive e trabalha em Ouro Preto, formou-se pela Escola de Belas Artes da UFMG. Desde 1964 reside em Ouro Preto, onde em 1970, juntamente com o pintor Nello Nuno, criou um curso de Arte, transformado na Escola de Arte Rodrigo Mello Franco de Andrade, da Fundação de Arte de Ouro Preto.....
Principais exposições  individuais : Galeria Guignard, Belo Horizonte, 1965, Galeria Contra Ponto, Rio de Janeiro, 1985, Galeria Itaú, Belo Horizonte,1986 , Espaço Cultural Petrobrás, Rio de Janeiro, 1986, Sala Manoel da Costa Atahide, Galeria de Arte da Cemig, Belo Horizonte, 1997. Ouro Preto, 1987.
 Participou de várias coletivas  entre elas: em 1970, Mostra Especial da Bienal de São Paulo,  Arte / Brasil / Hoje :50 anos depois, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,e Galeria Colletio, São Paulo, 1974, Projeções do Barroco na Arte Contemporânea de Minas. Nova York.Belo horizonte e Brasília , Brasilien Dronninglund Kunstcenter, Dinamarca,. Propuestas Galeria de Arte, Assunção., Paraguay.......
Obteve prêmios em vários  salões, entre os quais: XIII Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte,em 1963, II Salão Nacional da Aliança Francesa, em 1969, recebeu o Premio Itamaraty de Gravura na X Bienal de São Paulo,em 1969, IV Salão do Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais, em 1981,



sexta-feira, 23 de novembro de 2018



Lembranças de Dr. Eli Bonini Garcia
Médico, Antropólogo e Terapeuta


Aguaforte / Annamélia

Em 1972, Nello Nuno e eu frequentamos um grupo
 de terapia de casal com o Dr. Eli Bonini Garcia.
 Fomos muito questionados pelos amigos artistas de Belo Horizonte,
 que diziam que nossas obras artísticas seriam prejudicadas, pois segundo eles nós passaríamos por uma lavagem cerebral...
"Terapia de grupo de casal?" A ideia horrorizava nossos amigos artistas.
Mas insistimos em fazer, não desistimos e, olhando para trás, 
percebo que foi a fase mais importante 
de minhas gravuras e das pinturas de Nello Nuno.
Aqui registro algumas lembranças daqueles tempos. 


Paisagem em verde / Pintura Nello Nuno / 1973


Quando Nello Nuno faleceu eu estava em Ouro Preto. 
Ele tinha ido descansar na casa de campo de minha mãe em Lagoa Santa, com Amílcar de Castro e Rodrigo Tófollo, dois de seus grandes amigos. Eles ligaram para mim dizendo que o Nello estava passando muito mal, e que o seu pai iria buscá-lo para ser atendido em Belo Horizonte. 
Foi o tempo de eu organizar as coisas em casa com as crianças - as gêmeas ainda não tinham completado 3 anos - alugar um carro e ir para BH.



Inominável / Xilogravura e colagem / Annamélia



 Não imaginava que não iria encontrá-lo já sem vida... 
mas foi o que aconteceu...
 O que me deu força, diante desta tragédia inominável, 
foi encontrar o Dr. Eli, que me disse:

Einstein e seu violino lunar sobre o leão britânico
 Nello Nuno 1973

“Nello Nuno resistiu muito, pedia aos médicos que não deixasse ele morrer...pois tinha muitos filhos ainda pequenos, 
que muito amava e tanto dependiam dele...
e que eu tinha que ser forte, porque eles agora só teriam a mim”...
Ele me ajudou muito e assim consegui ter forças 
para cuidar delas sozinha.
 Não foi só aí que ele me ajudou.
Foi a terapia que Nello e eu fizemos com ele 
que me transformou em uma mulher forte e ligada à vida!
A terapia de casal feita com o dr. Bonini foi praticamente 
o que me aconteceu de mais importante na vida.



Aguaforte / Annamélia

Antes da terapia, quando ficava na sala de espera aguardando meu filho acabar a sessão de foniatria, 
de vez em quando a porta da sala onde acontecia o grupo se abria, e eu podia vislumbrar por momentos o Dr. Eli 
balançando na cadeira de balanço e dando risadas homéricas.
 E o grupo sentado ao redor dele...
Eu ficava assustada, e pensava que nunca 
daria conta de estar naquele grupo...
Quando a Arlete Faráh me sugeriu que entrasse para o grupo de casal, não imaginava que o Nello fosse aceitar,
 mas ele marcou para nós dois. Devo isto a ele, dentre tantas outras coisas boas que me proporcionou.
E então fomos fazer terapia. 
Lembro que o Dr. Eli muitas vezes ,ainda que na cadeira de balanço ficasse de costas para uns, falava: "Descruza os braços, fulano!" 
 Um dia eu estava assim meio de lado e ele me disse: "Anna, 
agora você perdeu o medo!" No espanto eu perguntei: "como você sabe?"
E ele:"Porque você descruzou os braços."



Maquininha de fazer luar / Nello Nuno / 1974

Lembro-me de ter ficado muito emocionada nos grupos, e que custei a me entregar. Já o Nello se entregou bem antes de mim.
Chorei algumas vezes...mas também ria muito. 
Certa vez um amigo que fazia parte do grupo viajou por uns meses,
 para o exterior, e quando voltou nos encontramos 
em uma exposição. Aí falei pra ele que o Nello tinha tido alta na terapia - ou baixa, como dizia dr. Eli -
 e o meu amigo comentou enciumado:
"Pudera, ele sempre foi o” enfant gâte” do doutor Eli!"


Iluminada / Xilogravura e colagem / Annamélia


O Nello, depois que se entregou, se dava tão bem no grupo que parecia assistente do Dr. Eli! 
Era divertido, a gente ria muito dos dois...
Lembro do dia que o tema era o dinheiro, e o Dr.
 Eli passou uma nota de R$10,00 pelo grupo e todos pegavam com um jeito de nojo. 
Depois ele chamou o Nellinho, que tinha uns 6 anos. O Nellinho entrou na sala e o Dr. Eli ofereceu a nota para ele, que pegou a nota e ficou, claro, super contente: "oba! Quero sim!!"




Interior com gravura de Annamélia Nello Nuno / 1971verde 


Os grupos realmente me fascinavam. Tenho saudades...
Muitas vezes saia aqui por Ouro Preto para desenhar e chamava o Nellinho para ir comigo.
Sentávamos em algum morro, diante daquela paisagem deslumbrante, e íamos conversando. 
Eu só falava sobre os assuntos tratados na terapia, e de como eles tinham mudado a minha visão do mundo. 
Fiquei mais descontraída, gostando mais de mim. Aprendi a falar não! 
Eu estava sorrindo muito mais, 
achando muito mais graça na vida...
Enfim, agradeço imensamente ao Dr. Eli, pois me tornei uma pessoa muito mais feliz e alegre depois da terapia... eu descobri um mundo novo!





quinta-feira, 15 de novembro de 2018


1969 – O ano em que tudo aconteceu
Definitivamente o ano de 1969 foi um ano  
que entrou para a história do Brasil e do mundo. 
Era um ano no qual a guerra fria ainda imperava,
 e que um dos seus principais símbolos estava 
no auge, a guerra do Vietnã. 
A sociedade norte-americana ainda vivia 
um intenso período de conflitos raciais, 
enquanto assistia ao crescimento de um forte 
movimento de contracultura - os hippies -
 que encontrou seu momento máximo ao final dos anos 60
 nos EUA, e  que se espalhou pelo mundo ao longo dos anos 70. 
Enquanto isso o Brasil, que vivia entre a 
Jovem Guarda e o Tropicalismo, 
entrava em seu mais sombrio capítulo da história
que ficou conhecido como “os anos de chumbo”, 
o período mais repressivo da ditadura militar 
que teve início com o AI-5 em dezembro de 1968.



Texto: Reflexõs Voláteis/ publicado por Icekilmer

Ilustrações de Annamélia/ gravuras em metal, 
entre 1968 e 1977

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Marilia Pereira e a Escola de Arte da Fundação de Arte de Ouro Preto


Eu fui aluna da Faop no curso de desenho com o
 prof. Wolney, e de música com o maestro Afrânio.
 Foi uma base importantíssima para minha especialização em Artes visuais e Gestão Cultural.

A Faop é uma escola que deu base para muitos ouropretanos.  
Além das aulas, as palestras com Amilcar e Domitila , entre muitos, 
foi um divisor de águas para os jovens, 
que buscaram a arte como formação.

Marilia Pereira  é  

sábado, 10 de novembro de 2018



AMOR À VIDA
Nello Nuno


Pintura - Nello Nuno

O simples guarda o enigma do que é grande e permanente.

Viver-filosofar depois.

Sentir-pensar depois.

Agir-caminhar os vales e montanhas de Annamélia

Pintura - Nello Nuno


Os filhos, brincar de roda, rodar risadas, sorrir lembranças.

Esta é minha estrada sem atalhos.

Gravura em metal - Annamélia

Pintura é meu sentir momentos, meu sorrir lembranças, meu brinquedo de vida 

Pássaro branco, cavalo alado, pomba e paz.


Pintura - Nello Nuno 

É a procura do simples e do alegre.

Da ternura e da carne.

Gravura em metal - Annamélia
Do gesto e da música.

Do grito e do riso.

É o meu amor à vida



(Texto de Nello Nuno / Catálogo da exposição individual- Galeria AMI- Belo Horizonte-/MG, 1974)

quinta-feira, 8 de novembro de 2018


A ESCOLA DE ARTE DA FAOP NO FINAL DOS ANOS 60.
Texto de Gelcio Fortes


Pintura de Gelcio Fortes  
 Série  “Barquinhos”


Confesso que foi minha primeira matricula com imenso prazer e curiosidade. Desenhista desde criança e adolescente trancado no quarto, estudando arte por correspondência no Instituto Universal Brasileiro, entrar finalmente num atelier ao vivo e ter colegas com o mesmo empenho foi um grande acontecimento na vida.
O Brasil se encontrava a partir de 1969 no período mais duro da ditadura militar. Nós jovens de 17, 18 anos, estávamos entre a repressão absoluta do pensamento livre e uma revolução total que acontecia no mundo, com mudança de comportamentos e uma afirmação radical  de nossa liberdade de expressão.  Encontramos no aconchego dessa Escola o ponto exato onde se cruzavam a informação que o regime oficial nos negava e o estimulo para muitos, que como eu, pensavam em ter nas artes plásticas uma forma de sobrevivência e realização pessoal.
Annamélia e Nello Nuno foram referencias fundamentais para o meu crescimento como artista e como pessoa, num diálogo fraterno como professores e abrindo sua casa para nos receber e compartilhar conosco as “agruras” e alegrias de uma vida profissional como artistas. Eles eram também muito jovens e a criação de uma Escola livre de arte em Ouro Preto representava a continuidade do  sonho plantado por Guignard em Minas nos anos 40,a consolidação de Ouro Preto como um pólo contemporâneo de cultura  no Estado, ao lado dos Festivais de Inverno da UFMG e de todo um corpo de artistas que passaram então, a residir na cidade. 
Foram anos deliciosos com Annamélia e as aulas de desenho de observação da paisagem de Ouro Preto, lápis sobre papel, e muitas idéias na cabeça. Nello foi quem viu e gostou muito dos meus primeiros quadros, topou ser meu professor por um curto período de tempo e me mandou de volta pra casa com o exercício de criar meu próprio atelier.Prontamente organizou minha primeira exposição em Belo Horizonte, sendo a primeira mostra individual de um aluno da FAOP,em 1972,com texto de apresentação de Márcio Sampaio “ Larva Lavra, uma nova visão de Ouro Preto”.
Sou muito grato a todos, colegas como Jorge dos Anjos e Sussuca, entre outros, professores como Madu, Nemer, Jair Inácio, Amílcar de Castro e tudo que nos prendeu e nos envolve até hoje com a nossa Escola de Arte Rodrigo Mello Franco de Andrade/ Fundação de Arte de Ouro Preto, um exemplo feliz de atuação do Estado na cultura, que se somou ao sonho inicial desses dois queridos Annamélia e Nello Nuno. O que dizer mais?... “ a História é um carro alegre, cheio de gente contente, que atropela indiferente, tudo que lhe faça frente”

segunda-feira, 5 de novembro de 2018




TRAVESSIA
Domingos Gandra

Pudesse eu consentir o medo
E eu nunca teria fugido.
Pudesse eu aceitar uma derrota
E eu teria lutado.
Quisesse não ser mais do que eu mesmo
E eu não teria mentido.
Tivesse eu renunciado a certeza
E não teria perdido a esperança.
Não tivesse eu evitado a noite
Eu poderia ter visto o nascer do dia.


Tivesse eu renunciado à pressa
E não teria me perdido no caminho.
Não tivesse eu negado a tristeza
Não teria também negado a alegria.
Tivesse eu dedicação e paciência
E o mundo não seria um quadro de efêmeras fantasias
Tivesse renunciado o domínio
E não teria sido escravo.


Tivesse aceitado o risco da vida
E hoje eu seria livre.
Pudesse eu ter pertencido aos acasos
E a alegria não seria um bem provisório.
Tivesse eu consentido no amor
E eu não estaria sozinho.
Nunca tivesse pretendido ser Deus
Hoje eu poderia ser gente.  



Gravuras em metal, Aguaforte e água tinta de Annamélia