quarta-feira, 16 de outubro de 2019


Lama
Sensibilizado pelo rompimento das barragens em Minas Gerais
e suas trágicas consequências, o artista plástico Roberto Sussuca
criou a instalação LAMA.
Sussuca desenvolveu um roteiro para descrever, com liberdade e criatividade, sua visão do acontecido.

O roteiro

A Terra, a mineração e a industrialização

Na instalação, as obras criadas ilustram as cenas, contando, por meio da arte, a história de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo
 e Brumadinho / 
Do Rio Doce ao Mar.
(convite para a exposição na Casa dos Contos, em Ouro Preto) 
Outubro de 2019






“Fiquei muito feliz em visitar esta instalação fantástica, principalmente porque Sussuca iniciou suas experiências em Arte na primeira turma da Escola de Arte da Faop, quando ainda adolescente foi meu aluno.” Annamélia




segunda-feira, 30 de setembro de 2019


Para quem deseja conhecer ou adquirir minhas recentes obras

Acervo disponível para aquisição:
(contatos através do e-mail annaalo36@gmail.com)

O Guarani
70 x 50 - óleo sobre tela / 2017
R$2.400,00 ou em duas parcelas de R$1.200,00


Festa na Roça 
70 x 50 óleo sobre tela / 2017 

R$2.400,00 ou em 02 parcelas de  R$1.200,00

Guignard revisitando Ouro Preto 
106 x 76 - óleo sobre tela / 2019

R$3.000,00 ou em 02 parcelas de R$1.500,00

Noturno com beija flor
70 x 60 - Ó
leo sobre tela / 2016
R$2.400,00

      Santa Efigênia        
60x50 - Óleo sobre tela 2016
R$2.300,00 ou em 02 parcelas de R$1.150,00


Uma cartografia encantada
Ângelo Oswaldo de Araújo Santos
Jornalista, escritor, membro da Academia Mineira de Letras

Anna Amélia pinta a planta perspectivada de Ouro Preto, e recria a cidade mágica. Não sei se ela terá visto uma planta do século 19, levantada por Henrique Gerber, que um dia me chegou às mãos, fotocopiada por Dimas Guedes. O engenheiro alemão desenhou a planta urbana de Ouro Preto, do Padre Faria até às Cabeças, assinalando precisamente a forma das edificações existentes em cada rua, como as elipses do Rosário ou o quadrado com pátio interno da Cadeia, hoje Museu da Inconfidência.
O velho mapa me vem à lembrança quando admiro, em imagens de colorido vibrante, a deliciosa apropriação pela artista do traçado de Ouro Preto e seu casario. Mais certo tenha ela se reportado ao célebre desenho de Nello Nuno, que compôs um roteiro da amada cidade, com os referenciais etílicos de todos os quadrantes. O fato é que Anna Amélia transplanta para a tela, com um toque de magia, a trama de ladeiras e becos, descortinando a paisagem sobre o espaço da pintura. Os mapas que agora se abrem enchem-se de lirismo e encantamento, entre cores e formas vivas que seduzem o espectador nos trajetos que se entrelaçam.
Nesta nova série, personagens vêm povoar o sobe e desce dos morros e o vaivém dos telhados. Dona Bárbara Heliodora reaparece na calçada. Cavaleiros e tropeiros atravessam as pontes. Anjos sobrevoam Ouro Preto, como na tela famosa de Armand Pallière, enquanto a banda de música desfila pra lá e pra cá, com seus fogosos dobrados por entre os dobres festivos de sinos na festa dos padroeiros.
De repente, todas as personagens da saga brasileira tomam de Minas a estrada e marcam encontro na cidade. A rosa dos ventos traz a brisa do Itacolomi para a tarde fresca do idílio de Peri e Ceci, irrompidos no palco histórico. Anna Amélia, por fim, convida o espectador a entrar nessa grande terra, com a paixão de Gonzaga, e experimentar a doce emoção de percorrer uma cartografia encantada. E esse panorama da eterna Vila Rica nos envolve para sempre.

Currículo Resumido
Annamélia
Anna Amélia Lopes de Oliveira

Nasceu nem Nova Lima a 07/10/1936
Recebeu o título de “Cidadã Honorária de Ouro Preto” a 19/12/1998.
Artista-plástica e professora. Na década de 1970, junto com seu marido o pintor Nello Nuno criou os cursos de arte que deram origem à Escola de Arte Rodrigo Melo Franco de Andrade da Fundação de Arte de Ouro Preto |FAOP, da qual foi diretora e professora de desenho e gravura, aposentou-se em 1996. Pioneira na área de gravura em Minas Gerais, seus trabalhos integram várias coleções particulares e acervos de institucionais entre os quais Itamaraty ( Brasília – DF ); Museu de Arte da Pampulha ; Fundação Clóvis Salgado ; Pinacoteca do Estado / Museu Mineiro ; Universidade Federal de Minas Gerais ( Belo Horizonte / MG ) ; Universidade Federal de Viçosa ( Viçosa MG ); Fundação de Arte de Ouro Preto.
Formação: Graduou-se na primeira turma da Escola de Belas Artes da UFMG. Na área de gravura em metal estudou com o profº José Assunção Souza, no Festival de Inverno da UFMG em Ouro Preto e com o profº Glébio Maduro na Fundação de Arte de Ouro Preto|FAOP. Outros professores que participaram de sua formação: Álvaro Apocalipse, Haroldo Matos, Yara Tupinambá, Jefferson Lodi, Herculano Campos e Amilcar de Castro
Entre as exposições individuais e coletivas destacam-se: Galeria Guignard, Belo Horizonte, 1965, Galeria da Fundação de Arte de Ouro Preto, 1981, Galeria Contra Ponto, Rio de Janeiro, 1985, Galeria Itaú, Belo Horizonte, 1986, Espaço Cultural Petrobrás, Rio de Janeiro, 1986, Sala Manoel da Costa Ataíde, Ouro Preto, 1987, Galeria de Arte da Cemig, Belo Horizonte, 1997. Mostra Especial da XI Bienal de São Paulo, 1971, Arte / Brasil / Hoje: 50 anos depois, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e Galeria Colletio, São Paulo,1972;  A arte e o Universo da criança, Palácio das Artes, Belo Horizonte, 1974;  Projeções do Barroco na Arte Contemporânea de Minas, Nova York., Belo horizonte e Brasília, 1981/82;  Brasilien Dronninglund Kunstcenter, Dinamarca, Mostra inaugural do Espaço Cultural da Cemig, Belo Horizonte , 1984; Identidade Virtual, VII Reunião do Conselho do Mercosul, Ouro Preto, MG, 1994;  Luzes de Ouro Preto, Galeria Bamerindus, Curitiba, Paraná, 1995;  Um século de história das Artes Plásticas em Belo Horizonte - Anos 60/70, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 1998; Mostra Ouro Preto 300 Anos Depois – Arte Hoje – Grande Galeria do Palácio Das Artes -Belo  Horizonte, MG; Mostra” Ouro Preto 300 anos depois – Arte Hoje”- Palácio do Itamaraty – Brasília  DF ; Mostra “ Ouro Preto 300 anos depois – Arte Hoje -“ Goiânia Mostra “Ouro Preto 300 – anos depois – Arte Hoje " Galeria da Casa dos Contos -. Ouro Preto MG; Mostra Comemorativa dos 30 anos da FAOP – exposição: ” Nello Nuno , pinturas - Annamélia gravuras - Gabriela Rangel , desenhos “–“ SEMANA DE ARTE NELLO NUNO ANNAMÉLIA” Galeria da Fundação de Arte de Ouro Preto – Ouro Preto, MG; 14ª Mostra do Gabinete de Arte - Gabinete do Prefeito de Belo Horizonte / MG;  NEOVANGUARDAS - Museu de Arte da Pampulha: 50 anos - Belo Horizonte / MG

Exposições Individuais:
1965 - 1ª Exposição Individual (Desenho e Gravura) Galeria Guignard - Belo Horizonte, MG
1975 – Couro gravura e Gravura em Metal Galeria da ALAP – Atelier Livre de Artes Plásticas - Belo Horizonte, MG
1975 - Gravura e Pintura -Campus da Universidade Federal de Viçosa, MG.
1981 - Galeria da Fundação de Arte de Ouro Preto - Ouro Preto, MG.
1984 - Janela Elétrica Bar - Ouro Preto, MG
1985 - Contra Ponto – Galeria de Arte – Rio de Janeiro, RJ.
1986 - Galeria Itaú - Belo Horizonte, MG
1986 -Espaço Cultural Petrobrás - Rio de Janeiro, RJ.
1987 -" Annamélia – Gravura em Metal" Sala Manoel da Costa Athayde – Museu da Inconfidência, Ouro Preto, MG.
1988 - “Annamélia” Gravura em metal – Galeria Padre Mendes Barros – Escola Técnica Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG.
1991 - “Annamélia – Água forte e desenhos “- Galeria de Arte Museu Casa Guignard, Ouro Preto,
1995 - “Xilogravuras” – Galeria Marchand D´Art - Ouro Preto, MG .
1997 - “Impressões sobre Impressões” Galeria de Arte da Cemig, Belo Horizonte, MG.
2008 - Gravuras em metal e releitura em pintura – Galeria de Arte Nello Nuno, Fundação de Arte de Ouro Preto, Ouro Preto, MG.
2016 – Cartografia Ingênua de Ouro Preto – Galeria de Arte Nello Nuno, Fundação de Arte de Ouro Preto, Ouro Preto, MG.
2017 - Cartografia Ingênua de Ouro Preto – Galeria Sesi, Mariana, MG
2018 – Galeria Ney Cokda – Comemorativa de 30 anos da Galeria / Instituto Federal de Ouro Preto
Campus – Ouro Preto. 

Obteve prêmios em vários  salões, entre eles: -1º Prêmio de Desenho e 3º de Gravura no X Festival de Arte de Belo Horizonte 1961; Prêmio Aquisição (Gravura) XIII Salão Municipal de Belas Artes de Belo Horizonte 1963; Prêmio Aquisição (Gravura) no III Salão Nacional De Ouro Preto – - MG-1969; PRÊMIO ITAMARATY (GRAVURA) NA X BIENAL DE SÃO PAULO / SP 1969; Prêmio Oficial De Aquisição, Prefeitura De Belo Horizonte – Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte / MG   1969; Prêmio de Gravura - II Salão Nacional da Aliança Francesa - Belo Horizonte / 1970; Prêmio Aquisição –(Gravura )  2º Salão da Caixa Econômica do Estado de Goiás 1975; Prêmio B. Caribé Filho – IV Salão do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais - Palácio das Artes Belo Horizonte / MG 1981; Prêmio Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais no 2º Salão de Artes Plásticas de Governador Valadares – MG-1985.


quarta-feira, 24 de julho de 2019



Leilão /Nello Nuno

Estado de Minas ,08 de Novembro de 1975
Wilson Frade

 Quinta feira, um grupo ligado às artes plásticas, imprensa e meios intelectuais esteve reunido na residência do sr e sra Abílio Machado Filho para tratar da exposição e leilão dos trabalhos doados pelos mais conhecidos artistas mineiros e colecionadores particulares o conhecido analista em memória de Nello Nuno. 
     Em princípio ficou decidido que a mostra dos trabalhos reunidos será aberta, oficialmente no Palácio das Artes dia vinte e seis, vinte e sete e vinte e oito. Também ficou decidido que uma escultura pesando trezentos quilos em metal assinada e doada por Amílcar de Castro Filho, será exposta, mas não irá a leilão. Será oferecida a uma grande firma, um banco, que se interessa pela peça para seu acervo por ser bem grande.
 Também o conhecido analista Eli Bonini , que fez doações para esta exposição, colocou à disposição de Anna Amélia a quantia de vinte mil cruzeiros para a edição de um livro sobre a vida e a obra de Nello Nuno que será organizado por seus amigos. Entre os presentes à reunião (que será repetida amanhã), também na casa de Abílio Machado Filho),
Murilo Rubião, Márcio Sampaio, Armando Ziller Junior, Rui Mourão, Álvaro Apocalipse, Madú Geraldo Magalhães, Sara ávila e Dirceu de Oliveira entre outros.


 

UM LEILÃO DE MUITO PRESTÍGIO
ESTADO DE MINAS – Belo Horizonte, domingo, 16 de novembro de 1975
ARTES VISUAIS – 
Celma Alvim

    Um leilão que promete alcançar ampla repercussão no âmbito dos colecionadores mais exigentes é o que a Fundação de Arte de Ouro Preto promove nos dias 26, 27 e 28 do mês em curso em memória do artista Nello Nuno Rangel.
    Um valioso acervo, ponderável em quantidade e especialmente em qualidade, constituirá, não só no aceno sedutor dos colecionadores, como a característica que permite, desde já, que o referido leilão seja intitulado “O LEILÃO DO ANO”.
    Para atingir este nível, a promoção mereceu cuidados prévios muito especiais. Em primeiro lugar, destaque para os quatro meses de intenso trabalho efetuado pela FAOP. Uma tônica de discrição e sobriedade foi mantida, evitando-se “operações” paralelas de oportunistas que eventualmente se valessem de clima emocional suscitado pela morte repentina de artista, o que fatalmente terminaria por criar uma certa nebulosidade, uma distorção de efeito negativo na imagem pública da promoção.
    Também o forte sentimento de amizade que sempre ligou Nello Nuno a seus colegas, o alto prestígio que Annamélia, sua mulher, desfruta no metier, foram fatores básicos para esta adesão maciça e espontânea. Artistas e colecionadores de todo o país se apresentaram como doadores sem quaisquer pressões, fazendo com que pudéssemos não só registrar um ato magnífico de solidariedade mas também a realização de um excelente leilão, “O Leilão do Ano”.


Rui Mourão

( Apresentação no catálogo do Leilão em homenagem a Nello Nuno)


    E Nello Nuno habitou entre nós. Dionisicamente volumoso como todo boa-praça, mãos pequenas, roliços braços curtos, barbas e cabelos crescidos, andar algo chaplinesco, a sua constante era o sorriso discreto cheio de ternura. À distância, uma taurínea exuberância romana; na proximidade, 100 quilos de displicência bonachona, de candura a expelir frases soltas e sincopadas, como a esbarrar com a dificuldade para a expressão de tanta simpatia pelo próximo. As suas ideias sobre as coisas, as suas normas de vida, os seus sentimentos mais profundos? Deviam permanecer concentrados e recolhidos lá por dentro – não eram valores para com ele comparecer no convívio com os homens. O seu estar entre os seres devia ser marcado apenas pelas amenidades: de gestos, de coração, de camaradagem. E pelas cores de sua palheta, generosamente distribuídas na tarefa diária de contribuir para o embelezamento do mundo.
    A morte repentina foi o ato violento que atingiu apenas a família e os amigos. Contra Nello mesmo não poderia ter qualquer ação. A interrupção do curso de sua existência lhe era um fato quase indiferente e a sua obra permanece acima das contingências materiais, como comprova esta exposição de homenagem. Nello Nuno é dos poucos que poderiam produzir um acontecimento como este, em que a emoção dos companheiros se  converte numa festa geral de generosidade. 


 






As Gêmeas :Juliana e Tatiana, 1973- Pintura Nello Nuno


Texto de Annamélia sobre Leilão de quadros de Nello Nuno

Nello Nuno e eu nos conhecemos na secretaria de Arte da UEE/MG em 1961. Ele pintor, eu gravadora e desenhista, residentes em Belo Horizonte. Fomos a Ouro Preto pela UEE, junto com Celma Alvim (critica da Arte), Tereza e Àlvaro Apocalipse, Artistas Plasticos, montar uma exposição de Artistas Mineiros no grande Hotel de Ouro Preto, comemorativa do aniversário da cidade. Foi quando nos apaixonamos e começamos a namorar. Em 1º de outubro de 1962 nos casamos.Vivemos inicialmente em Lagoa Santa, em uma casa/granja de minha mãe. Éramos dois artistas plásticos que pretendíam viver às custas da granja, criando pintinhos para a venda de frangos e ovos.Tivemos nossa 1º filha, Alessandra, em 05/07/1963. Ocorreu então um acidente em que perdemos 200 pintinhos em um dia, e ficamos com dívidas de empréstimo no Banco do Brasil. Então desistimos da granja e voltamos para Belo Horisonte, e por sorte Nello Nuno começou a vender suas pinturas, as primeiras para a Livraria Itatiaia. Moramos um tempo na casa de minha sogra e depois na casa de minha mãe. Foi quando nasceu nosso 2º filho, Nello, em 24/09/1964. Nós, juntamente com mais dois casais, os também artistas Àlvaro e Tereza Apocalípse, e o pintor Haroldo Matos e sua mulher Tita, escritora, resolvemos alugar uma casa em Ouro Preto, onde montamos nossos ateliers. Seria só para os finais de semana, todos continuariam a residir em Belo Horizonte. Mas no primeiro fim de semana em que fomos os três casais  todos retornaram a BH, exceto Nello Nuno e eu, que ficamos por 3 anos. Foi o maior fim de semana que vivemos! Isto foi possível devido a um contrato que Nello Nuno fez com o livreiro e colecionador Samuel Koogan, pelo qual a metade da produção de pinturas de cada mês seria adquirida por ele. Isto permitiu a nossa permanência em Ouro Preto por 3 anos. Em 1969 voltamos para Belo Horizonte, onde alugamos uma casa na rua Antônio Dias, no bairro Santo Antônio. Foi quando nasceu Gabriela em 06/março de 1969. O ano de 1969 foi decisivo para Nello Nuno e eu, pois foi quando tomamos a decisão de voltar a morar definitivamente em Ouro Preto. Foi uma decisão corajosa, passando a viver exclusivamente de Arte. Inicialmente moramos em uma pequena chácara no Palácio Velho. Depois fomos para um casarão em frente à Igreja nossa Senhora do Rosário, onde nasceram as gêmeas Tatiana e Juliana, em 01/12/1971. Quando Nello Nuno faleceu repentinamente, a casa que havíamos comprado no Centro estava em restauração: sem telhado, sem a parte hidráulica e elétrica, portas e janelas também a substituir. Foi quando os amigos e pessoas ligadas às Artes Plásticas, colecionadores e intelectuais em geral se uniram, doando quadros para colocar a casa em condições de receber a mim e a nossos filhos. Foi uma ajuda preciosa, nos libertando de aluguel. Sou profundamente grata a todos eles.




A família feliz- Annamélia Gabriela, Nellinho  auro tertaro de Nello Nuno
Meus amores 1969-pintura Nello Nuno

terça-feira, 2 de julho de 2019



NOTAS DE UM REPORTER – Wilson Frade

 Estado de Minas  - Sábado, 5 de Julho de 1975

(Texto sobre o falecimento repentino e precoce de Nello Nuno, que deixou Annamélia
 viúva com cinco filhos pequenos) 

 Anjo Azul/ Auto Retrato / 1970

Foi minha filha quem me deu o recado da morte de Nello Nuno. Cheguei tarde em casa vindo de um jantar e amenina esperava-me para dar-me a notícia. E em cima perguntou: “ Papai, que é Nello Nuno? ” Peguei-a pela mão, fui até a sala e disse: “ Olha filha, Nello Nuno é o artista que pintou aquele quadro. Aquele outro. Aquele lá, também, de flores”.


A Familia Feliz / Meus amores / 1969





O Casamento / Auto Retrato com Annamélia / 1973

Algum tempo fiquei assentado diante de uma de suas telas, uma paisagem de Ouro Preto, cidade que escolhera para viver. Onde estaria a razão de sua morte, se tão jovem e com um futuro artístico tão grande pela frente? Nello tinha 36 anos. Era tarde e não dava para telefonar. Queria saber dos amigos o que havia acontecido. O dia amanheceu, pulei da cama e foi a primeira coisa que fiz. Como é duro o destino: Nello morrera envenenado por uma porção de patê estragado! Assim são os enlatados. Em lugar de satisfazer a fome, matam um artista! Primeiro veio a febre.


Auto Retrato como Ouro Preto / 1975

 Depois chamou o médico: o dr. Luiz Andrés, marido de Maria Helena, pintora e colega. Foi ficando paralítico e com a voz trêmula, disse: Faça alguma coisa Luiz; eu não quero morrer”. E partiu pois ninguém tem o direito de escolher a hora ou a maneira de morrer.


O Casamento / Auto Retrato com Annamélia / 1973

A morte vem quando menos se espera e leva, por exemplo, gente bacana como Nello Nuno. Boêmio, artista nato, amigo das crianças, comunicativo e com um coração do tamanho de seu corpo. 

Auto Retrato no Espelho / 1973 

Nello lembrava, pela sua barba grande, Orson Welles. Em Ouro Preto era tão popular que o povo já havia incorporado suas coisas boas. A morte acaba de levar um dos nossos melhores pintores, que de pesquisa em pesquisa descobria novas técnicas e se projetava além de Minas.

As Gêmeas Juliana e Tatiana / 1973

A última exposição que fez no Rio, foi sucesso de crítica e de venda. Ouro Preto veste-se de luto num instante em que deveria estar alegre por causa do Festival de Inverno e Nello Nuno está dormindo na mesma cidade em que dorme Guignard.


Ultima  Pintura / 1975











sexta-feira, 3 de maio de 2019




Guignard 
revisitando Ouro Preto

Uma cartografia encantada

Texto de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos
Jornalista e escritor, membro da Academia Mineira de Letras

Pintura a óleo
Annamélia 2019

Anna Amélia pinta a planta perspectivada de Ouro Preto, e recria a cidade mágica. Não sei se ela terá visto uma planta do século 19, levantada por Henrique Gerber, que um dia me chegou às mãos, fotocopiada por Dimas Guedes. O engenheiro alemão desenhou a planta urbana de Ouro Preto, do Padre Faria até às Cabeças, assinalando precisamente a forma das edificações existentes em cada rua, como as elipses do Rosário ou o quadrado com pátio interno da Cadeia, hoje Museu da Inconfidência.

O velho mapa me vem à lembrança quando admiro, em imagens de colorido vibrante, a deliciosa apropriação pela artista do traçado de Ouro Preto e seu casario. Mais certo tenha ela se reportado ao célebre desenho de Nello Nuno, que compôs um roteiro da amada cidade, com os referenciais etílicos de todos os quadrantes. O fato é que Anna Amélia transplanta para a tela, com um toque de magia, a trama de ladeiras e becos, descortinando a paisagem sobre o espaço da pintura. Os mapas que agora se abrem enchem-se de lirismo e encantamento, entre cores e formas vivas que seduzem o espectador nos trajetos que se entrelaçam.

Nesta nova série, personagens vêm povoar o sobe e desce dos morros e o vaivém dos telhados. Dona Bárbara Heliodora reaparece na calçada. Cavaleiros e tropeiros atravessam as pontes. Anjos sobrevoam Ouro Preto, como na tela famosa de Armand Pallière, enquanto a banda de música desfila pra lá e pra cá, com seus fogosos dobrados por entre os dobres festivos de sinos na festa dos padroeiros.

De repente, todas as personagens da saga brasileira tomam de Minas a estrada e marcam encontro na cidade. A rosa dos ventos traz a brisa do Itacolomi para a tarde fresca do idílio de Peri e Ceci, irrompidos no palco histórico. Anna Amélia, por fim, convida o espectador a entrar nessa grande terra, com a paixão de Gonzaga, e experimentar a doce emoção de percorrer uma cartografia encantada. E esse panorama da eterna Vila Rica nos envolve para sempre.
          


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

sexta-feira, 26 de abril de 2019



Pintando nossos filhos
Nello Nuno e Annamélia

POEMA  ENJOADINHO
VINÍCIUS DE MORAIS
Rio de Janeiro , 1954

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
mas se não os temos
 como sabê-los? 
Retrato Gabriela
óleo/por Nello Nuno

Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos! 



  Retrato de Nellinho
   Pintura /por Nello Nuno   

 Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica


    Retrato de Alessandra  
  Pintura /por Nello Nuno 


Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.



Retrato Gabriela nenem
óleo/ porNello Nuno

E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.



    Retrato de Nellinho
  Aquarela /por Nello Nuno 

Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos



Retrato de Tatiana
Óleo /por Annamélia

Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?



Retrato de Juliana
Óleo / por Annamélia

Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca! 



Retrato Gabriela
óleo/ por Nello Nuno 

Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
 No quarteirão 



Retrato de Gabriela
 Óleo / por Annamélia

Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
 Que os filhos são! 



As Gêmeas Juliana e Tatiana
óleo/porNello Nuno

















quinta-feira, 18 de abril de 2019


Texto  de Rogério Zola Santiago
Conselheiro Cultural (PBH) Poeta, Jornalista, Crítico de Arte ,
Mestre  p/ Indiana  University / Revisor

 Annamelia Lopes – residir/ pintar Ouro Preto:
            Sina. Cena  e  Samba             
 Einstein  seu  violino  lunar
 obre  o leã o britânico 1973
Oleo / por  Nello Nuno

   Acompanho a obra do pintor Nello Nuno e de sua esposa Annamélia Lopes desde os anos 1970.Nelinho , colega na Psicologia, tem quadros enigmáticos de voltagem humanitária.

  Composição  Azul
                                      Óleo / pos  Nellinho 

Annamélia, a mãe, pinta, num trânsito de memória
E coração, paisagens demarcadas em cores-paragens. Ruelas e becos saídos da palheta encantada. É sua Ouro Preto escalavrada até os ossos memorialísticos.

  Do Norte Estrela
                                     Óleo / por Annamélia

 “Um mapeamento”,Registra
Jornalista/crítico Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, da Academia Mineira de Letras.
Anna Amélia Lopes jamais perde o teor lúdico estendido à arte da filha Gabriela Rangel. 

  Asas para voar
                                Óleo / por Gabriela Rangel

Tio Márcio Sampaio (pintor e crítico, membro da Academia Mineira de Letras),e tia Eliana Rangel ,
Compõem uma inserção familiar no mundo da transformação pictórica em vertentes modernas que imanam o naive (arte inocente)ao primevo instinto
Em prol da vida e da liberdade de expressão.