NOTAS DE UM REPORTER – Wilson Frade
Estado de
Minas - Sábado, 5 de Julho de 1975
(Texto sobre o falecimento repentino e
precoce de Nello Nuno, que deixou Annamélia
viúva com cinco filhos pequenos)
Anjo Azul/ Auto Retrato / 1970
Foi minha
filha quem me deu o recado da morte de Nello Nuno. Cheguei tarde em casa vindo
de um jantar e amenina esperava-me para dar-me a notícia. E em cima perguntou: “
Papai, que é Nello Nuno? ” Peguei-a pela mão, fui até a sala e disse: “ Olha
filha, Nello Nuno é o artista que pintou aquele quadro. Aquele outro. Aquele lá, também, de flores”.
A Familia Feliz / Meus amores / 1969
Algum tempo
fiquei assentado diante de uma de suas telas, uma paisagem de Ouro Preto,
cidade que escolhera para viver. Onde estaria a razão de sua morte, se tão
jovem e com um futuro artístico tão grande pela frente? Nello tinha 36 anos.
Era tarde e não dava para telefonar. Queria saber dos amigos o que havia
acontecido. O dia amanheceu, pulei da cama e foi a primeira coisa que fiz. Como
é duro o destino: Nello morrera envenenado por uma porção de patê estragado!
Assim são os enlatados. Em lugar de satisfazer a fome, matam um artista! Primeiro
veio a febre.
Depois chamou o médico: o dr. Luiz Andrés, marido de Maria
Helena, pintora e colega. Foi ficando paralítico e com a voz trêmula, disse:
Faça alguma coisa Luiz; eu não quero morrer”. E partiu pois ninguém tem o
direito de escolher a hora ou a maneira de morrer.
O Casamento / Auto Retrato com Annamélia / 1973
A morte vem quando menos se
espera e leva, por exemplo, gente bacana como Nello Nuno. Boêmio, artista nato,
amigo das crianças, comunicativo e com um coração do tamanho de seu corpo.
Auto Retrato no Espelho / 1973
Nello lembrava, pela sua barba grande, Orson Welles. Em Ouro Preto era tão
popular que o povo já havia incorporado suas coisas boas. A morte acaba de levar um dos nossos melhores
pintores, que de pesquisa em pesquisa descobria novas técnicas e se projetava
além de Minas.
NOTAS DE UM REPORTER – Wilson Frade
Estado de
Minas - Sábado, 5 de Julho de 1975
(Texto sobre o falecimento repentino e
precoce de Nello Nuno, que deixou Annamélia
viúva com cinco filhos pequenos)
Anjo Azul/ Auto Retrato / 1970
A Familia Feliz / Meus amores / 1969
O Casamento / Auto Retrato com Annamélia / 1973
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