terça-feira, 3 de novembro de 2020

 

REVOADA

 Poema Nello Rangel
Aquarela Annamélia


Descobri maravilhado, há muitos anos,

 o corredor de andorinhas de Ouro Preto.

Descobri ao mesmo tempo o motivo obvio

 do nome da cachoeira em que estávamos.

Lá, onde a pedra do jacaré avança, solitária e esguia,

 por sobre o abismo,

Lá, onde estávamos sentados eu, Ivan e Witer,

os pés balançavam pendurados no ar,

admirávamos as andorinhas que chegavam aos montes,

em voos extraordinários.

Muito jovens, eu e meus amigos,

prontos a nos lançarmos ao ar solto do futuro,

cheios de esperanças e temores,

mimetizados em libertos seres alados.

Éramos, contudo, bem distintos daquele turbilhão de pássaros

de um azul profundo.

Elas voam sem igual,

rápidas,em bruscas curvas,

resolutas e impávidas,

minúsculos colossos.

Andorinhas não temem.


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