Sertão
poema de João Cabral de Melo Neto
"Morte e Vida
Severina" (trecho)
"De sua formosura
já venho dizer:
é um menino magro,
de muito peso não é,
mas tem o peso de
homem,
de obra de ventre de
mulher.
De sua formosura
deixai-me que diga:
é uma criança
pálida,
é uma criança
franzina,
mas tem a marca de
homem,
marca de humana
oficina.
Sua formosura
deixai-me que cante:
é um menino guenzo
como todos os desses
mangues,
mas a máquina de
homem
já bate nele,
incessante.
Sua formosura
eis aqui descrita:
é uma criança
pequena,
enclenque e
setemesinha,
mas as mãos que
criam coisas
nas suas já
adivinha.
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