domingo, 28 de outubro de 2018


Rua de Visitas

Programa que a Faop elaborou  na gestão de Vera Pinheiro, em 1995, 
com o objetivo de: 
valorizar a prática da educação através da arte e do artesanato;
 apoiar os programas de Turismo Cultural; 
valorizar o artesanato como patrimônio cultural de Ouro Preto.


A participação aconteceu através de visitas programadas
 pela Faop,com grupos de 10 a 15 visitantes.


Projeto: Pedro Arcângelo Evangelista (Petrus)
Desenhos de Annamélia


Os visitantes poderão apreciar as formas, os desenhos, 
as composições das portas,  janelas e sacadas.
 Bem como as pontes, chafarizes e frontispícios.
 Ouro Preto é uma sala de visitas de Minas e do Brasil:
 Cidade Monumento da Humanidade.


Da Antiga Vila Rica - no espaço do ouro - restaram nomes minerais:
 Boca da Mina, Lavras Novas, Minas Gerais.
 E sobre os novos tempos do ferro, permaneceram do seu "Ouro Preto":
 a arquitetura e suas artes e artesanatos.
 Hoje, pelos pontos de fuga das 10 esquinas da praça Tiradentes,
 desenham-se suas fachadas, os frontispícios de pedra-sabão,
 os sinos e as torres da cidade, os novos bairros, o pico Itacolomi,
 a Estrada Real, as montanhas de Minas e o asfalto para o mundo.


sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Onze Artistas de Ouro Preto


Pintura de Nello Nuno


Artes Plásticas – Mari’Stella TRISTÃO
Artistas de Ouro Preto expõem em BH
Publicado no jornal Estado de Minas  a 27 de Julho de 19/83

NO DIA primeiro de agosto próximo a Galeria Guignard estará inaugurando a exposição intitulada “Onze artistas de Ouro Preto”, que ficará aberta até o dia 15 do mesmo mês.
Participam da coletiva: Annamélia, Carlos Bracher, Barroso, Jorge dos Anjos, Júlio Coelho, Lígia Velasco, Nello Nuno (homenagem póstuma), Ninita, Thaís Proença, Vandico e Zizi.
Os artistas mostrarão obras inéditas, a maioria, ou todas, abordando a paisagem, o povo e o folclore ouro-pretanos, temática na qual já se consagraram nacional e internacionalmente.
A ideia da exposição partiu da assessora cultural do Instituto de Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, Cléia Schiavo Weyrauch. O texto de apresentação do catálogo é de sua autoria. A exposição conta com o apoio cultural do UNIBANCO – Minas Gerais e a coordenação geral ficou a cargo da FAOP e do IAC da Universidade Federal de Ouro Preto. Todos os artistas estarão presentes ao “vernissage”.

Texto de Cleia Schiavo Weyrauch
Assessoria Cultural do Instituto de Artes e Cultura da UFOP
(In catálogo da exposição)

 Onze Artistas de Ouro Preto

O ESPAÇO É O RECERIO DO ARTISTA, NELE DESENHA TRAÇOS, CAMINHA NO SENTIDO DA FORMA, CONFIGURA IMAGENS INCONCIENTESDE POESIA, AMOR E MÊDO, NESSE PROCESSO, TRANSPORTA-SE CONCRETAMENTE PARA O MUNDO REALNO QUAL TODOS VIVEMOS.

A dificuldade de verbalizar sobre os vários mundos que convivem em Ouro Preto é um fato por demais conhecido. Compreender a poesia, as angústias e as expectativas dos mundos barroco, vitoriano e contemporâneo, é uma questão que nenhum intelectual até hoje respondeu. Inexplicavelmente, esses mundos, com seus conflitos e equilíbrios, acomodam-se entre si, sob o impacto e a força do visual barroco, marca maior da cidade. Assim, a todo instante, fatias desses mundos se associam, surgindo então, cenas que os pintores de Ouro Preto sabem captar.
De fato, ao captarem essas cenas, recriam a realidade, compreendendo-a sob a forma de arte, tornando-a inteligível para si e para aqueles que dela se aproximam.
Ao contrário dos intelectuais, racionais por excelência, caminham pela estrada da sensibilidade, decifrando através de formas e cores, o mistério da relação homem-sociedade, homem-natureza. Fundamentalmente, cada um deles, à sua maneira e técnica, discute o problema da existência humana, ou seja, a relação do homem com seu passado, presente e futuro. Melhor dizendo, o pintor de Ouro Preto, no processo de recriação da realidade, comunica-se com o presente, prenhe de um passado carregado de história e de um futuro pleno de incertezas. Na prática, ao traduzir em formas e cores suas emoções presentes, cria, difunde beleza num constante processo de intervenção social colorida.
Conscientes ou não de seu papel, ao somarem com suas obras mais beleza ao cotidiano, colaboram no sentido de atenuar seus descompassos. Atuam como transmissores de sensações positivas, como fotógrafos de um mundo em transformação.
Como testemunha da realidade, este pintor registra as mil facetas do dia-a-dia local, às vezes sinistro, às vezes lírico, porém, sempre intenso.
As obras destes pintores que ora apresentamos, são recados de beleza e de amor. Resultam do pacto não verbal que estabeleceram com a inexplicável magia de uma cidade que, sobretudo, amam.
Aqui estão onze artistas cujas obras refletem uma postura de emoção, com relação ao espaço no qual vivem, ou seja, o cenário maior que é a cidade de Ouro Preto.
A arquitetura, as manifestações culturais, o cotidiano nas suas mais variadas formas, estão presentes nessas obras que ora apresentamos.
A Anna Amélia, Carlos Bracher, Jader Barroso, Jorge dos Anjos, Júlio Coelho, Lígia Vellasco, Nello Nuno, Ninita Moutinho, Thaís Proença, Vandico e Zizi, a minha ternura e admiração.


Pintura a óleo
Annamélia


Retrato de Nilton /Nascimento
Carlos Bracher


Jorge dos Anjos
Recorte em chapa de ferro


Pintura 
Vandico


Pintura 
Zizi Sapateiro



domingo, 21 de outubro de 2018


Revoada - Óleo sobre tela
outubro de 2018
Autora: Annamélia

.......Da interpretação da paisagem em perspectiva renascentista, Anna Amélia mudou, recentemente, seu ponto de vista para a tomada aérea, planificando os panoramas, para construir uma nova cartografia, com riqueza de detalhes que podemos identificar, porém com a liberdade de às vezes trair a realidade ao adicionar elementos inexistentes.......

Trecho do texto : Anna Amélia - Uma nova Cartografia de Márcio Sampaio- poeta escritor e artista plástico.

sábado, 20 de outubro de 2018

MEMÓRIAS AFETIVAS
Annamélia Lopes | Gabriela Rangel | Tatiana Rangel | Juliana Rangel
Memórias afetivas remetem a histórias de vida que se cruzam e se conectam através das diferentes formas de perceber, sentir e viver. Em família as memórias afetivas se tornam mais densas por serem compartilhadas no dia a dia e na vivência da arte.
............. Annamélia e suas filhas Gabriela, Juliana e Tatiana Rangel trazem suas pinturas ligadas aos sentimentos e afetos que extravasam suas almas.............
Trecho de Texto de Márcio Sampaio - Escritor, artista plástico e poeta.

"Tempo"/ Aquarela/ autora: Juliana Rangel

"Asas para voar" Acrílica e Vinil/ autora: Gabriela Rangel






"Mosaico Brasil" / Acrílica sobre tela/ autora: Tatiana Rangel

São José e Matriz / óleo sobre tela / Autora: Annamélia

A paixão por Ouro Preto é retratada nas obras da séria “Cartografia Ingênua” de Annamélia. Nello Nuno, grande artista mineiro (in memoriam) e esposo de Annamélia, em poesia já vislumbrava esta paixão: “No ventre de Annamélia, bem no fundo, no verde em ondas de montanhas do ventre de Annamélia vive a alma de ouro preto”.

Ainda sobre o trabalho de Annamélia, Márcio Sampaio escreve:“Da longa convivência com Ouro Preto, cidade que escolheu para morar com o marido Nello Nuno e os filhos, soube assimilar o pathos singular da expressão barroca, transportando-o para o espaço contemporâneo. Da interpretação da paisagem em perspectiva renascentista, Anna Amélia mudou, recentemente, seu ponto de vista para a tomada aérea, planificando os panoramas, para construir uma nova cartografia, com riqueza de detalhes que podemos identificar, porém com a liberdade de às vezes trair a realidade ao adicionar elementos inexistentes. Na pintura, a fantasia é que dá o tom dessa figuração que quer dizer de um cenário percebido no plano da realidade, mas que insiste em ser mais além do que o olhar vê. Cores fortes que respondem a uma pulsação mais emocional contaminam as formas arquitetônicas, desfazem o rigor da técnica cartográfica, para nos brindar com uma outra paisagem impregnada de poesia. Um “topos” em que natureza e construção se complementam com fantasia e afetividade. Espaço simbólico a indicar a existência de uma cidade que será sempre o lugar bom para se viver e sonhar. ”

A vida em família sobre influência de pai e mãe artistas, trouxe para Gabriela, Tatiana e Juliana a arte em todos os sentidos.
Tatiana Rangel também manifesta sua paixão por Ouro Preto nas obras da série “Mosaico Barroco”, trazendo o movimento dos sentimentos na forma de cores fortes e linhas marcantes. “Impregnada do sentido mais profundo da alma popular, sua pintura constitui alegre agenda de experiências vividas e imaginadas, traduzindo o gosto pela luz, pelo colorido e pela leveza que se contrapõem à densidade dramática do barroco”, relata Márcio Sampaio sobre a sua pintura.
Juliana Rangel, professora da UFV e recente artista autodidata, traz obras de sua série “Poesias e Cores da Alma” que através da transparência das aquarelas busca falar das várias dimensões dos seus sentimentos. Suas obras são centradas na fluidez de aguadas, porém de cores fortes, em elementos da natureza e experiências sentimentais na forma de poesias ingênuas e livres de pragmatismos.
Já Gabriela faz do desenho e da pintura o campo para registro de suas memórias e afetos, do ser e estar no mundo. Márcio Sampaio nos diz em apresentação “Ser ou não pintura - não estará aí a questão dessa obra surpreendente. O eixo de sua expressão se inclina para várias direções cardeais, sob fortes ventos da angústia e do desconforto provocados nesse processo de revolver a realidade, reconstruindo antigas experiências. Se há que revolvê-la, envolvê-la, capturá-la e lavá-la em claras águas para devolvê-la com sentido, o desenho de Gabriela, assume a tarefa de reconstituir o mundo e restituí-lo à nossa leitura, não em estado plano, mas envolto na inquietante névoa do mistério".
Voltando às origens da família, as artistas trazem esta sensível exposição ao local de nascimento de Nello Nuno, que nasceu em 1939, na fazenda do Xaxá, atual Laboratório de Dendrologia da UFV. Assim as artistas reencontram suas memórias afetivas através da dança das cores e formas, por mais que individuais, ainda impregnadas das vivências afetivas coletivas e familiares. 


quinta-feira, 18 de outubro de 2018


Noturno com Beija Flor
Óleo sobre tela  -  70 X 60     2016
Autora: Annamélia

Anna Amélia pinta a planta perspectivada de Ouro Preto, e recria a cidade mágica. Não sei se ela terá visto uma planta do século 19, levantada por Henrique Gerber, que um dia me chegou às mãos, fotocopiada por Dimas Guedes. O engenheiro alemão desenhou a planta urbana de Ouro Preto, do Padre Faria até às Cabeças, assinalando precisamente a forma das edificações existentes em cada rua, como as elipses do Rosário ou o quadrado com pátio interno da Cadeia, hoje Museu da Inconfidência.........

Trecho do texto
Uma cartografia encantada
De Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Secretário de Cultura do Estado de MG

quarta-feira, 17 de outubro de 2018


Casa dos Contos e Escola de Minas 

da série Cartografia Afetiva de Ouro Preto
Òleo sobre tela
Autora: Annamélia

Anna Amélia na FAOP

.........Premiada em bienais e reconhecida pela presença no espaço da gravura, Anna Amélia já havia tirado imagens coloridas de cenas ouro-pretanas. Os efeitos, na pintura, ganham plasticidade e vibração, resultando em mais uma realização significativa da artista à qual também se deve, ao lado de Nello Nuno, a criação da escola de arte da FAOP, quando implantada por Murilo Rubião.
Ao marcar o retorno da galeria de arte ao casarão do Rosário, a exposição de Anna Amélia torna-se uma homenagem da Fundação à artista e mestra. Sempre captada pelos pintores, Ouro Preto encontra, nessa série, o caminho direto entre a sedução dos trajetos que oferece e a delicadeza de uma pintura feita de pura magia.
 
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Secretário de Estado de Cultura

terça-feira, 16 de outubro de 2018


 Março na Vila
Série Cartografia afetiva de Ouro Preto
Óleo sobre tela  70X50  / 2017
Autora: Annamélia

..........Na pintura, a fantasia é que dá o tom dessa figuração que quer dizer de um cenário percebido no plano da realidade, mas que insiste em ser mais além do que o olhar vê. Cores fortes que respondem a uma pulsação mais emocional contaminam as formas arquitetônicas, desfazem o rigor da técnica cartográfica, para nos brindar com uma outra paisagem impregnada de poesia.
Um “topos” em que natureza e construção se complementam com fantasia e afetividade.
Espaço simbólico a indicar a existência de uma cidade que será sempre o lugar bom para se viver e sonhar.....
Trecho do texto Márcio Sampaio: Anna Amélia - Uma nova Cartografia
                                                                                                                                                                                                                                            


Cartografia Rosa com Libélula
óleo sobre tela / 2016
Autor: Annamelia

...... Dá gosto ver como a grande gravadora domina a pintura, em clima festivo e exuberante, ao mapear ruas, ladeiras e morros de Ouro Preto como se ilustrasse lendas e contos da histórica cidade. Com uma graça ingênua e multicolorida, reverberando lembranças de Nello Nuno e sugestões de Alfredo Volpi, ambos mestres da cor, ela compõe itinerários de encantamento no sobe-e-desce das encostas desenhadas pelo casario que leva de uma igreja a outra.......

(trecho de texto Ângelo Oswaldo  de Araújo Santos)

sexta-feira, 12 de outubro de 2018





1ªExposição da Escolinha da Faop

A 1ª Exposição da Escolinha de arte da Faop apresenta os resultados de um ano de trabalho com crianças e jovens de Ouro Preto, sob a orientação da gravadora Annamélia. O objetivo é desenvolver a criatividade da população jovem para que, no mundo fantástico das cores e formas, cada qual tenha a oportunidade de implantar o seu reinado.
Esta Escola se incorpora ao vasto plano de realizações que a Fundação de Arte de Ouro Preto começa a pôr em prática, visando fazer da cidade um centro dinâmico de Cultura e Arte, para além da lição barroca que sua paisagem oferece.



Alessandra de Moura Rangel
Anna Maria Hamphire
Anelise Lapertosa
Ana Bel Tostes
Antônio Carlos Vieira
Antônio de Oliveira Costa
César de Oliveira Costa
Edson Soares de Souza
Fernando Antônio de Souza
Felipe Versiani Passos
Geraldo Magela Soares de Souza
Heloísa Helena de Henriques
Ivan Barroso
Ione Maria dos Santos
João Fortes Batista Drumond
Jorge Luiz dos Anjos
Júlia Amélia Mitraud Vieira
José da Consolação Gonçalves
José Claudio Alfenas Vieira
José Rodrigues dos Santos
Júlio César Barroso
Luciana Rodrigues dos Santos
Marília Alfenas de Oliveira
Mary Lúcia dos Santos
Maria Isabel Caldeira
Mary Lúcia dos Santos
Maria da Glória Rodrigues
Maria Ester Torres
Maria Isabel Caldeira
Maria Goretti de Souza
Maria Regina de Fátima Santos
Maria Tereza Tostes Caldeira
Marcelo Augusto Santos
Maria Regina de Souza
Maria José Vasconcelos Domeniq
Mário Augusto Cardoso
Nila Aparecida de Oliveira Costa
Nora de Castro Maia
Nello de Moura Rangel
Paulo Versiani
Patrícia Lapertosa
Pedro Luís Almeida da Costa
Patrícia Márcia Cóppoli
Ronald Péret Morais
Reginaldo Luiz dos Santos
Ricardo Lapertosa
Rogério Antônio Bretas
Shirley Maria Soares dos Santos

quinta-feira, 11 de outubro de 2018


World in fragments
Foto de Reginaldo Cardoso

Lembranças dos primeiros dias da
Escola de Arte da FAOP. ll

Tive a fortuna, um luxo só, de aos 7/8 anos de idade, começar a desconfiar que o mundo ia além da esquina. e isso se deveu, em grande parte, ao privilégio de conhecer Annamelia Lopes, feminista avant la lettre, artista plástica inigualável, e de uma coragem ímpar em que, às vésperas do AI-5, propôs e tocou uma escolinha de arte democrática em um Ouro Preto que - pasmem! - não havia escolas de arte. Sem a sua ação, sua iniciativa, com toda certeza, não existiria hoje a Escola de Arte da FAOP e tantos talentos não seriam revelados, como, por exemplo, dentre outros, um Jorge dos Anjos. a Annamelia Lopes, minha eterna gratidão!


Texto de Reginaldo Cardoso, um dos primeiros alunos da Escolinha de Arte, posteriormente assumida pela FAOP, recebendo o nome de Escola de Arte Rodrigo Melo Franco de Andrade.

.
Reginaldo é hoje fotografo reconhecido por suas Fotos / Arte.

Veja no Youtube:
 Fotografia sem mistérios -  Reginaldo Cardoso


São Francisco
da série: Cartografia Afetiva de Ouro Preto
Óleo sobre tela / 30X30    / 2010
Autora: Annamélia

ANNA AMÉLIA – UMA NOVA CARTOGRAFIA
Márcio Sampaio
Desenhista, pintora e gravadora, Anna Amélia Lopes desenvolve uma obra que se caracteriza por elevado nível técnico que lhe permite imprimir com grande vigor sua particular leitura do mundo.
Trabalhando com a xilogravura, vai tocar o reverso dessa paisagem, para desvelar o drama estabelecido pelos conflitos de luz e sombra, pela exposição de mundos opostos, pelo jogo dramático das contingências humanas. Gravando em tacos de piso de madeira, imprime os módulos com que vai montar estruturas geométricas.
Da longa convivência com Ouro Preto, cidade que escolheu para morar com o marido, Nello Nuno e os filhos, soube assimilar o pathos singular da expressão barroca, transportando-o para o espaço contemporâneo. Na gravura em metal e no desenho, vem realizando uma leitura da paisagem ouropretana, lírica, de saboroso detalhismo, com o qual potencializa um sentido de fantasia feliz.  Gravando em chapas de metal, extremamente sensíveis aos complexos processos técnicos que domina com maestria, a artista vem revelando aspectos da paisagem de Ouro Preto, sua topografia e suas construções, ruas, becos, praças, morros, vegetações – imprimindo a atmosfera peculiar dessa cidade emblemática, impregnada de silêncios e mistérios.
Da interpretação da paisagem em perspectiva renascentista, Anna Amélia mudou, recentemente, seu ponto de vista para a tomada aérea, planificando os panoramas, para construir uma nova cartografia, com riqueza de detalhes que podemos identificar, porém com a liberdade de às vezes trair a realidade ao adicionar elementos inexistentes.
Na pintura, a fantasia é que dá o tom dessa figuração que quer dizer de um cenário percebido no plano da realidade, mas que insiste em ser mais além do que o olhar vê. Cores fortes que respondem a uma pulsação mais emocional contaminam as formas arquitetônicas, desfazem o rigor da técnica cartográfica, para nos brindar com uma outra paisagem impregnada de poesia. Um “topos” em que natureza e construção se complementam com fantasia e afetividade. Espaço simbólico a indicar a existência de uma cidade que será sempre o lugar bom para se viver e sonhar.


quarta-feira, 10 de outubro de 2018


Louva a Deus
Oleo sobre tela 70X60    2016
Autora: Annamélia

Anna Amélia na FAOP

Um cordão dos antigos carnavais, o Banjo de Prata, chegava à Praça Tiradentes, e todo mundo cantava: “Dá gosto ver... dá gosto ver...!”. O refrão, que não é do nosso tempo, mas ecoa na memória ouro-pretana, espontaneamente ressurge quando vejo as pinturas de Anna Amélia a se apresentarem na FAOP, na reabertura de sua galeria de arte na sede do Rosário.
Dá gosto ver como a grande gravadora domina a pintura, em clima festivo e exuberante, ao mapear ruas, ladeiras e morros de Ouro Preto como se ilustrasse lendas e contos da histórica cidade. Com uma graça ingênua e multicolorida, reverberando lembranças de Nello Nuno e sugestões de Alfredo Volpi, ambos mestres da cor, ela compõe itinerários de encantamento no sobe-e-desce das encostas desenhadas pelo casario que leva de uma igreja a outra.
Premiada em bienais e reconhecida pela presença no espaço da gravura, Anna Amélia já havia tirado imagens coloridas de cenas ouro-pretanas. Os efeitos, na pintura, ganham plasticidade e vibração, resultando em mais uma realização significativa da artista à qual também se deve, ao lado de Nello Nuno, a criação da escola de arte da FAOP, quando implantada por Murilo Rubião.
Ao marcar o retorno da galeria de arte ao casarão do Rosário, a exposição de Anna Amélia torna-se uma homenagem da Fundação à artista e mestra. Sempre captada pelos pintores, Ouro Preto encontra, nessa série, o caminho direto entre a sedução dos trajetos que oferece e a delicadeza de uma pintura feita de pura magia.
 
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Secretário de Estado de Cultura


"Para a criança, que adora olhar mapas e telas,
O universo se iguala ao seu vasto apetite.
Ah, como é grande o mundo à tíbia luz das velas!
E na saudade quão pequeno é o seu limite!"

Baudelaire





terça-feira, 9 de outubro de 2018


Cidade
Fotografias  - Reginaldo Cardoso









   
Lembranças dos primeiros dias da
Escola de Arte da FAOP.

Texto de Reginaldo Cardoso, um dos primeiros alunos da Escolinha de Arte, posteriormente assumida pela FAOP, recebendo o nome de Escola de Arte Rodrigo Melo Franco de Andrade.

....” tive a grande sorte na vida de tomar parte deste projeto seu tão generoso com a cidade, com as pessoas, com nossas infâncias... lembro-me da primeira aula na atual sede da faop, caindo aos pedaços, ainda não restaurada, e no meio de tudo isso, a 'formação das cores': essa com aquela, isso; isso com aquilo, aquel'outro... acho que o privilégio foi de toda uma geração, tenha ela seguido os trilhos da arte ou não: com você”

Reginaldo é hoje fotografo reconhecido por suas Fotos / Arte.

Veja no Youtube:
 Fotografia sem mistérios -  Reginaldo Cardoso

domingo, 7 de outubro de 2018


Eu vou...
porque não?

Autor: Annamélia 

Xilogravura e colagem sobre imagem de revista.
Série "Canções Populares Brasileiras"
20x30    1965      

quinta-feira, 4 de outubro de 2018



Onze Artistas de Ouro Preto

O ESPAÇO É O RECERIO DO ARTISTA, NELE DESENHA TRAÇOS, CAMINHA NO SENTIDO DA FORMA, CONFIGURA IMAGENS INCONCIENTESDE POESIA, AMOR E MÊDO, NESSE PROCESSO, TRANSPORTA-SE CONCRETAMENTE PARA O MUNDO REALNO QUAL TODOS VIVEMOS.

A dificuldade de verbalizar sobre os vários mundos que convivem em Ouro Preto é um fato por demais conhecido. Compreender a poesia, as angústias e as expectativas dos mundos barroco, vitoriano e contemporâneo, é uma questão que nenhum intelectual até hoje respondeu. Inexplicavelmente, esses mundos, com seus conflitos e equilíbrios, acomodam-se entre si, sob o impacto e a força do visual barroco, marca maior da cidade. Assim, a todo instante, fatias desses mundos se associam, surgindo então, cenas que os pintores de Ouro Preto sabem captar.
De fato, ao captarem essas cenas, recriam a realidade, compreendendo-a sob a forma de arte, tornando-a inteligível para si e para aqueles que dela se aproximam.
Ao contrário dos intelectuais, racionais por excelência, caminham pela estrada da sensibilidade, decifrando através de formas e cores, o mistério da relação homem-sociedade, homem-natureza. Fundamentalmente, cada um deles, à sua maneira e técnica, discute o problema da existência humana, ou seja, a relação do homem com seu passado, presente e futuro. Melhor dizendo, o pintor de Ouro Preto, no processo de recriação da realidade, comunica-se com o presente, prenhe de um passado carregado de história e de um futuro pleno de incertezas. Na prática, ao traduzir em formas e cores suas emoções presentes, cria, difunde beleza num constante processo de intervenção social colorida.
Conscientes ou não de seu papel, ao somarem com suas obras mais beleza ao cotidiano, colaboram no sentido de atenuar seus descompassos. Atuam como transmissores de sensações positivas, como fotógrafos de um mundo em transformação.
Como testemunha da realidade, este pintor registra as mil facetas do dia-a-dia local, às vezes sinistro, às vezes lírico, porém, sempre intenso.
As obras destes pintores que ora apresentamos, são recados de beleza e de amor. Resultam do pacto não verbal que estabeleceram com a inexplicável magia de uma cidade que, sobretudo, amam.
Aqui estão onze artistas cujas obras refletem uma postura de emoção, com relação ao espaço no qual vivem, ou seja, o cenário maior que é a cidade de Ouro Preto.
A arquitetura, as manifestações culturais, o cotidiano nas suas mais variadas formas, estão presentes nessas obras que ora apresentamos.
A Anna Amélia, Carlos Bracher, Jader Barroso, Jorge dos Anjos, Júlio Coelho, Lígia Vellasco, Nello Nuno, Ninita Moutinho, Thaís Proença, Vandico e Zizi, a minha ternura e admiração.

Cleia Schiavo Weyrauch
Assessoria Cultural do Instituto de Artes e Cultura da UFOP


Nello Nuno
óleo s/ madeira
(homenagem póstuma)



segunda-feira, 1 de outubro de 2018


Igreja Passarinho
Óleo sobre tela
(releitura de uma água forte)
50x70      2007


Meus amigos, meus inimigos, 
salvemos Ouro  Preto
Óleo sobre tela 70X50 
(releitura de uma água forte)
70x50      2007