sábado, 20 de outubro de 2018

MEMÓRIAS AFETIVAS
Annamélia Lopes | Gabriela Rangel | Tatiana Rangel | Juliana Rangel
Memórias afetivas remetem a histórias de vida que se cruzam e se conectam através das diferentes formas de perceber, sentir e viver. Em família as memórias afetivas se tornam mais densas por serem compartilhadas no dia a dia e na vivência da arte.
............. Annamélia e suas filhas Gabriela, Juliana e Tatiana Rangel trazem suas pinturas ligadas aos sentimentos e afetos que extravasam suas almas.............
Trecho de Texto de Márcio Sampaio - Escritor, artista plástico e poeta.

"Tempo"/ Aquarela/ autora: Juliana Rangel

"Asas para voar" Acrílica e Vinil/ autora: Gabriela Rangel






"Mosaico Brasil" / Acrílica sobre tela/ autora: Tatiana Rangel

São José e Matriz / óleo sobre tela / Autora: Annamélia

A paixão por Ouro Preto é retratada nas obras da séria “Cartografia Ingênua” de Annamélia. Nello Nuno, grande artista mineiro (in memoriam) e esposo de Annamélia, em poesia já vislumbrava esta paixão: “No ventre de Annamélia, bem no fundo, no verde em ondas de montanhas do ventre de Annamélia vive a alma de ouro preto”.

Ainda sobre o trabalho de Annamélia, Márcio Sampaio escreve:“Da longa convivência com Ouro Preto, cidade que escolheu para morar com o marido Nello Nuno e os filhos, soube assimilar o pathos singular da expressão barroca, transportando-o para o espaço contemporâneo. Da interpretação da paisagem em perspectiva renascentista, Anna Amélia mudou, recentemente, seu ponto de vista para a tomada aérea, planificando os panoramas, para construir uma nova cartografia, com riqueza de detalhes que podemos identificar, porém com a liberdade de às vezes trair a realidade ao adicionar elementos inexistentes. Na pintura, a fantasia é que dá o tom dessa figuração que quer dizer de um cenário percebido no plano da realidade, mas que insiste em ser mais além do que o olhar vê. Cores fortes que respondem a uma pulsação mais emocional contaminam as formas arquitetônicas, desfazem o rigor da técnica cartográfica, para nos brindar com uma outra paisagem impregnada de poesia. Um “topos” em que natureza e construção se complementam com fantasia e afetividade. Espaço simbólico a indicar a existência de uma cidade que será sempre o lugar bom para se viver e sonhar. ”

A vida em família sobre influência de pai e mãe artistas, trouxe para Gabriela, Tatiana e Juliana a arte em todos os sentidos.
Tatiana Rangel também manifesta sua paixão por Ouro Preto nas obras da série “Mosaico Barroco”, trazendo o movimento dos sentimentos na forma de cores fortes e linhas marcantes. “Impregnada do sentido mais profundo da alma popular, sua pintura constitui alegre agenda de experiências vividas e imaginadas, traduzindo o gosto pela luz, pelo colorido e pela leveza que se contrapõem à densidade dramática do barroco”, relata Márcio Sampaio sobre a sua pintura.
Juliana Rangel, professora da UFV e recente artista autodidata, traz obras de sua série “Poesias e Cores da Alma” que através da transparência das aquarelas busca falar das várias dimensões dos seus sentimentos. Suas obras são centradas na fluidez de aguadas, porém de cores fortes, em elementos da natureza e experiências sentimentais na forma de poesias ingênuas e livres de pragmatismos.
Já Gabriela faz do desenho e da pintura o campo para registro de suas memórias e afetos, do ser e estar no mundo. Márcio Sampaio nos diz em apresentação “Ser ou não pintura - não estará aí a questão dessa obra surpreendente. O eixo de sua expressão se inclina para várias direções cardeais, sob fortes ventos da angústia e do desconforto provocados nesse processo de revolver a realidade, reconstruindo antigas experiências. Se há que revolvê-la, envolvê-la, capturá-la e lavá-la em claras águas para devolvê-la com sentido, o desenho de Gabriela, assume a tarefa de reconstituir o mundo e restituí-lo à nossa leitura, não em estado plano, mas envolto na inquietante névoa do mistério".
Voltando às origens da família, as artistas trazem esta sensível exposição ao local de nascimento de Nello Nuno, que nasceu em 1939, na fazenda do Xaxá, atual Laboratório de Dendrologia da UFV. Assim as artistas reencontram suas memórias afetivas através da dança das cores e formas, por mais que individuais, ainda impregnadas das vivências afetivas coletivas e familiares. 


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