Onze Artistas de Ouro Preto
Pintura de Nello Nuno
Artes
Plásticas – Mari’Stella TRISTÃO
Artistas de
Ouro Preto expõem em BH
Publicado no jornal Estado de Minas a 27 de Julho de 19/83
NO DIA primeiro de agosto próximo a Galeria Guignard estará
inaugurando a exposição intitulada “Onze artistas de Ouro Preto”, que ficará
aberta até o dia 15 do mesmo mês.
Participam da coletiva: Annamélia, Carlos Bracher, Barroso,
Jorge dos Anjos, Júlio Coelho, Lígia Velasco, Nello Nuno (homenagem póstuma),
Ninita, Thaís Proença, Vandico e Zizi.
Os artistas mostrarão obras inéditas, a maioria, ou todas,
abordando a paisagem, o povo e o folclore ouro-pretanos, temática na qual já se
consagraram nacional e internacionalmente.
A ideia da exposição partiu da assessora cultural do
Instituto de Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, Cléia
Schiavo Weyrauch. O texto de apresentação do catálogo é de sua autoria. A
exposição conta com o apoio cultural do UNIBANCO – Minas Gerais e a coordenação
geral ficou a cargo da FAOP e do IAC da Universidade Federal de Ouro Preto.
Todos os artistas estarão presentes ao “vernissage”.
Texto de Cleia Schiavo Weyrauch
Assessoria Cultural do Instituto de Artes e Cultura da UFOP
(In catálogo da exposição)
Onze Artistas de Ouro Preto
O ESPAÇO É O RECERIO DO ARTISTA, NELE DESENHA TRAÇOS, CAMINHA NO SENTIDO
DA FORMA, CONFIGURA IMAGENS INCONCIENTESDE POESIA, AMOR E MÊDO, NESSE PROCESSO,
TRANSPORTA-SE CONCRETAMENTE PARA O MUNDO REALNO QUAL TODOS VIVEMOS.
A dificuldade de verbalizar sobre os vários mundos que convivem em Ouro
Preto é um fato por demais conhecido. Compreender a poesia, as angústias e as
expectativas dos mundos barroco, vitoriano e contemporâneo, é uma questão que
nenhum intelectual até hoje respondeu. Inexplicavelmente, esses mundos, com
seus conflitos e equilíbrios, acomodam-se entre si, sob o impacto e a força do
visual barroco, marca maior da cidade. Assim, a todo instante, fatias desses
mundos se associam, surgindo então, cenas que os pintores de Ouro Preto sabem
captar.
De fato, ao captarem essas cenas, recriam a realidade, compreendendo-a
sob a forma de arte, tornando-a inteligível para si e para aqueles que dela se
aproximam.
Ao contrário dos intelectuais, racionais por excelência, caminham pela
estrada da sensibilidade, decifrando através de formas e cores, o mistério da
relação homem-sociedade, homem-natureza. Fundamentalmente, cada um deles, à sua
maneira e técnica, discute o problema da existência humana, ou seja, a relação
do homem com seu passado, presente e futuro. Melhor dizendo, o pintor de Ouro
Preto, no processo de recriação da realidade, comunica-se com o presente,
prenhe de um passado carregado de história e de um futuro pleno de incertezas.
Na prática, ao traduzir em formas e cores suas emoções presentes, cria, difunde
beleza num constante processo de intervenção social colorida.
Conscientes ou não de seu papel, ao somarem com suas obras mais beleza
ao cotidiano, colaboram no sentido de atenuar seus descompassos. Atuam como
transmissores de sensações positivas, como fotógrafos de um mundo em
transformação.
Como testemunha da realidade, este pintor registra as mil facetas do
dia-a-dia local, às vezes sinistro, às vezes lírico, porém, sempre intenso.
As obras destes pintores que ora apresentamos, são recados de beleza e de
amor. Resultam do pacto não verbal que estabeleceram com a inexplicável magia
de uma cidade que, sobretudo, amam.
Aqui estão onze artistas cujas obras refletem uma postura de emoção, com
relação ao espaço no qual vivem, ou seja, o cenário maior que é a cidade de
Ouro Preto.
A arquitetura, as manifestações culturais, o cotidiano nas suas mais
variadas formas, estão presentes nessas obras que ora apresentamos.
A Anna Amélia, Carlos Bracher, Jader Barroso, Jorge dos Anjos, Júlio
Coelho, Lígia Vellasco, Nello Nuno, Ninita Moutinho, Thaís Proença, Vandico e
Zizi, a minha ternura e admiração.
Retrato de Nilton /Nascimento
Carlos Bracher
Jorge dos Anjos
Recorte em chapa de ferro
Pintura
Vandico
Pintura
Zizi Sapateiro
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