Onze Artistas de Ouro Preto
O ESPAÇO É O RECERIO DO ARTISTA, NELE
DESENHA TRAÇOS, CAMINHA NO SENTIDO DA FORMA, CONFIGURA IMAGENS INCONCIENTESDE POESIA,
AMOR E MÊDO, NESSE PROCESSO, TRANSPORTA-SE CONCRETAMENTE PARA O MUNDO REALNO
QUAL TODOS VIVEMOS.
A dificuldade de verbalizar sobre os vários mundos que
convivem em Ouro Preto é um fato por demais conhecido. Compreender a poesia, as
angústias e as expectativas dos mundos barroco, vitoriano e contemporâneo, é
uma questão que nenhum intelectual até hoje respondeu. Inexplicavelmente, esses
mundos, com seus conflitos e equilíbrios, acomodam-se entre si, sob o impacto e
a força do visual barroco, marca maior da cidade. Assim, a todo instante,
fatias desses mundos se associam, surgindo então, cenas que os pintores de Ouro
Preto sabem captar.
De fato, ao captarem essas cenas, recriam a realidade,
compreendendo-a sob a forma de arte, tornando-a inteligível para si e para
aqueles que dela se aproximam.
Ao contrário dos intelectuais, racionais por excelência, caminham
pela estrada da sensibilidade, decifrando através de formas e cores, o mistério
da relação homem-sociedade, homem-natureza. Fundamentalmente, cada um deles, à
sua maneira e técnica, discute o problema da existência humana, ou seja, a
relação do homem com seu passado, presente e futuro. Melhor dizendo, o pintor
de Ouro Preto, no processo de recriação da realidade, comunica-se com o
presente, prenhe de um passado carregado de história e de um futuro pleno de
incertezas. Na prática, ao traduzir em formas e cores suas emoções presentes,
cria, difunde beleza num constante processo de intervenção social colorida.
Conscientes ou não de seu papel, ao somarem com suas obras
mais beleza ao cotidiano, colaboram no sentido de atenuar seus descompassos.
Atuam como transmissores de sensações positivas, como fotógrafos de um mundo em
transformação.
Como testemunha da realidade, este pintor registra as mil
facetas do dia-a-dia local, às vezes sinistro, às vezes lírico, porém, sempre
intenso.
As obras destes pintores que ora apresentamos, são recados
de beleza e de amor. Resultam do pacto não verbal que estabeleceram com a
inexplicável magia de uma cidade que, sobretudo, amam.
Aqui estão onze artistas cujas obras refletem uma postura de
emoção, com relação ao espaço no qual vivem, ou seja, o cenário maior que é a
cidade de Ouro Preto.
A arquitetura, as manifestações culturais, o cotidiano nas
suas mais variadas formas, estão presentes nessas obras que ora apresentamos.
A Anna Amélia, Carlos Bracher, Jader Barroso, Jorge dos
Anjos, Júlio Coelho, Lígia Vellasco, Nello Nuno, Ninita Moutinho, Thaís
Proença, Vandico e Zizi, a minha ternura e admiração.
Cleia Schiavo Weyrauch
Assessoria Cultural do Instituto de Artes e Cultura da UFOP
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