quinta-feira, 20 de setembro de 2018


Multiplicação de Imagem
Walter Sebastião
Publicado no jornal “Estado de Minas”/Semana de 14 a 20 de novembro de 1997

Um nome muito especial das artes visuais de Minas Gerais: Annamélia. O que ela faz: gravuras em metal e Xilo, que vão dando campo a um pensar cuja delicadeza e sabedoria a cada nova aparição emocionam. Na base de tudo estaria uma situação ambígua: ritmos visuais, partituras de formas e ícones, que fundam um texto que é tanto ótico quanto histórico e político-social, sem que as duas dimensões se atropelem. Quem não conhece a bela obra da autora, muito conhecida por suas sólidas ligações com a arte e o ensino de arte, mas também figurinha rara no circuito de exposições, tem agora uma oportunidade de ver seus trabalhos. Na próxima terça feira, às 20h, ela abre mostra na Cemig (avenida Barbacena, 1.200, térreo, Santo Agostinho).
A mostra chama-se “Diversidade/Adversidade”. A primeira palavra alude ao interesse pela ordenação espacial da forma, pela multiplicação de imagens, pelo ato de montar e desmontar a imagem, a segunda, a uma situação de povos em luta, poderes em conflito, embates entre opressão e desejo de liberdade.
Fase atual - “São coisas para a gente pensar, para refletir”, anota Annamélia chamando para o fato de que “o momento de globalização “ coloca todas estas questões em pauta. “Na composição sempre procurou elemento de harmonia, mas também tento quebrar um pouco este valor”, completa lembrando que elementos contrastantes existem na vida cotidiana e, de alguma forma, acabam chegando até os trabalhos. As novidades com relação a atual fase do trabalho – que vem sendo desenvolvido há mais de 20 anos e já valeu à artista o prêmio Itamaraty na X Bienal de São Paulo – é a troca de raciocínio de oposições, “que abandona”, por uma busca de totalidade. “Nada é só bom ou só mal. A gente carrega as duas coisas. E é tentando modificar o que é ruim que a gente cresce”, explica. Para a artista, a arte da gravura cobra de um artista “conhecer bem a técnica e extrapolar seus limites. Até porque “ a gente é livre para fazer o que quiser mas também tem que experimentar novas possibilidades, para não ficar preso. Senão fica monótono”, finaliza Annamélia   

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