Multiplicação de Imagem
Walter Sebastião
Publicado no jornal “Estado de Minas”/Semana de 14 a 20 de
novembro de 1997
Um nome
muito especial das artes visuais de Minas Gerais: Annamélia. O que ela faz: gravuras em metal e Xilo, que
vão dando campo a um pensar cuja delicadeza e sabedoria a cada nova aparição
emocionam. Na base de tudo estaria uma situação ambígua: ritmos visuais,
partituras de formas e ícones, que fundam um texto que é tanto ótico quanto
histórico e político-social, sem que as duas dimensões se atropelem. Quem não conhece
a bela obra da autora, muito conhecida por suas sólidas ligações com a arte e o
ensino de arte, mas também figurinha rara no circuito de exposições, tem agora
uma oportunidade de ver seus trabalhos. Na próxima terça feira, às 20h, ela abre
mostra na Cemig (avenida Barbacena, 1.200, térreo, Santo Agostinho).
A mostra
chama-se “Diversidade/Adversidade”. A primeira palavra alude ao interesse pela
ordenação espacial da forma, pela multiplicação de imagens, pelo ato de montar
e desmontar a imagem, a segunda, a uma situação de povos em luta, poderes em
conflito, embates entre opressão e desejo de liberdade.
Fase atual - “São
coisas para a gente pensar, para refletir”, anota Annamélia chamando para o
fato de que “o momento de globalização “ coloca todas estas questões em pauta.
“Na composição sempre procurou elemento de harmonia, mas também tento quebrar
um pouco este valor”, completa lembrando que elementos contrastantes existem na
vida cotidiana e, de alguma forma, acabam chegando até os trabalhos. As
novidades com relação a atual fase do trabalho – que vem sendo desenvolvido há
mais de 20 anos e já valeu à artista o prêmio Itamaraty na X Bienal de São
Paulo – é a troca de raciocínio de oposições, “que abandona”, por uma busca de
totalidade. “Nada é só bom ou só mal. A gente carrega as duas coisas. E é
tentando modificar o que é ruim que a gente cresce”, explica. Para a artista, a
arte da gravura cobra de um artista “conhecer bem a técnica e extrapolar seus limites.
Até porque “ a gente é livre para fazer o que quiser mas também tem que
experimentar novas possibilidades, para não ficar preso. Senão fica monótono”,
finaliza Annamélia
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