quinta-feira, 27 de setembro de 2018


Paisagens de Ouro Preto

Reportagem de Walter SebastiãoJornal “Estado de Minas”- sábado, 15 de março de 2008Artes Visuais


Annamelia Lopes mostra, até abril, pinturas e gravuras em exposição na Fundação de Arte da cidade histórica. Aos 50 anos de trajetória artística, ela inaugura nova fase em sua obra.

Um galerista depois de comprar gravuras de Annamélia Lopes, mineira de Ouro Preto, de 72 anos, com importante obra gráfica, perguntou a ela: ”será que você consegue o mesmo clima destas paisagens na pintura?” “Como já vinha imprimindo gravuras em cor e aquarelando algumas imagens, decidi aceitar o desafio. E comecei a trabalhar em releitura das obras em óleo”. Conta a artista. Os primeiros resultados da empreitada estão em exposição na Fundação de Arte de Ouro Preto, em mostra que reúne 10 pinturas e 10 gravuras - sete dos anos 1980 e 90 e três produzidas recentemente.
“Minhas paisagens de Ouro Preto, como diz Márcio Sampaio, são poesia e tragédia, delicadeza e violência. Trabalho com contrastes, a plástica do casario me atrai, mas gosto dela inserida no verde, com as flores”. Explica Annamélia, dizendo que o mesmo clima que está nas gravuras, ela gostaria de levar para a pintura. São trabalhos praticamente monocromáticos, com detalhes em outras cores, que tem no desenho um fundamento. Se a paixão pela gravura cruzou a vida da artista, a sedução pela pintura também é antiga. Ela pintou quando estava grávida e não podia ficar envolvida com procedimentos gráficos.
Na timidez das investidas influiu o fato de ela ser casada com Nello Nuno – “ele fazia o que eu queria fazer”. A artista até vê em alguns trabalhos atuais alguma influência dele, como no uso livre da cor, (“ mas sou mais harmonia “, avisa) e está adorando o envolvimento com tintas e pincéis. “É gostoso, você entra num clima muito bom. Dá tesão. Desenho e gravura costumam ser muito sérios, pintura é mais leve”, observa. A opção por releitura das gravuras deve-se ao fato de ela gostar dos desenhos feitos para impressão, pela visualidade algo ingênua, primitiva, como realizados de brincadeira. Criações que aproveita quando quer trabalhar a cor de forma mais direta.   


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